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No dia 1º de abril, o programa "3 a 1", da TV Brasil, tratou dos 45 anos do golpe militar de 1964. Participaram Jarbas Passarinho, ex-ministro dos governos militares; Ivo Herzog, filho do jornalista Wladimir Herzog, torturado e morto em São Paulo; e Marco Antônio Tavares, ex-deputado do PCB. O mediador foi o jornalista Luiz Carlos Azedo.
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Foi um programa tenso. Marco Antônio recusou-se a cumprimentar Passarinho, 89 anos. Seguem algumas falas dos debatedores:
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PASSARINHO:
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“Nunca chamei [o Golpe de 1964] de revolução, mas de contra-revolução.”
"O golpe preventivo de 1964 não teria ocorrido se não houvesse a Guerra Fria.”
“Já havia guerrilha desde setembro de 1967.”
“Nós não temos condições de manter a ordem interna e a ordem externa com as ações da guerrilha.”
“Nós fomos tirados pelos quarteis por pressão dos civis.”
“Nas mesmas circunstâncias eu assinaria o ato [Institucional nº5].”
“Essas mãos estão livres do sangue de qualquer adversário”.
“Eu estava do lado da distensão, me antecipei.”
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MARCO ANTÔNIO:
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“Não foi uma ditadura branda.”
“Houve grupos de esquerda que assumiram posições erradas de luta armada.”
“Houve uma divergência séria na esquerda. Houve atos errados, equívocos liderados pela esquerda, agora isso foi consequência de um golpe militar.”
“A consciência do senhor Jarbas Passarinho é um pouco complacente.”
“A democracia pela qual lutamos ainda não está implantada no seio da sociedade, é uma mudança necessária de mentalidade brasileira. Há resquícios de intransigência e intolerância, um processo que está avançando.”
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IVO HERZOG:
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“Eu nunca vi meu pai morto, fui ver essas fotos (alias acho que a imprensa deveria parar de usá-las, são muito chocantes e a gente não precisa mais disso), só fui ver pela primeira vez dez anos depois da morte do meu pai.”
“[O golpe] custou a vida de muita gente, custou atraso no Brasil.”
“A ditadura foi violenta, cruel e continua sendo injustificável.” “Demorou alguns anos para acreditar que meu pai tinha morrido.” [ele tinha nove anos a época do assassinato.]
“O senhor [Jarbas Passarinho] me desculpe, mas as mãos do senhor não estão limpas. O senhor foi conivente com o regime que matou o meu pai, então as suas mãos estão tão sujas como a pessoa que deu choque nele.”
“É uma acusação, eu reitero, gravo e vai para os anais da história: as pessoas que eram coniventes com aquele regime estavam assinado embaixo. O senhor assinou junto com aquelas pessoas um modelo de Estado que permitiu que pessoas como o meu pai e Manuel Fidel Filho fossem assassinadas. O senhor foi conivente com aquilo lá. Isso daí a gente não pode esquecer.”
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Fonte: Blog do Noblat.
Primeira foto encontrada aqui, infelizmente sem crédito.
Fonte: Blog do Noblat.
Primeira foto encontrada aqui, infelizmente sem crédito.
Foto de Herzog, acima, encontrada aqui.
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